🧭 Inflamação: o incêndio invisível

Ela corrói tendões, silencia hormônios, eleva o risco de depressão e de morte.

Entre as estratégias para conter esse fogo, dois suplementos se destacam: ômega-3 e curcumina. Falaremos mais sobre o ômega-3 no curso de suplementação amanhã.

Hoje, vamos esclarecer a polêmica em torno da fibrilação atrial — e mostrar por que ela não anula os benefícios do ômega-3. Pelo contrário.

E fechamos com a curcumina, outro anti-inflamatório natural que merece seu lugar na prática clínica.

📰 É notícia ou fake news? - Ômega-3 causa fibrilação atrial?

O ômega-3 previne infartos e mortes, mas manchetes sensacionalistas alarmam sobre fibrilação atrial.

O que não explicam é que o alerta se baseia no risco relativo, que soa dramático, e não no risco absoluto, que mostra o impacto real.

Na prática, esse risco é mínimo: enquanto o suplemento evita até cinco infartos ou AVCs a cada 100 pessoas, o aumento de arritmia corresponde a apenas um caso extra em cinco anos.

Nos estudos clínicos, os benefícios foram claros:
Mortalidade cardiovascular: queda de até 20%
Prevenção de infarto: até dois casos a menos por 100 pessoas
Menos hospitalizações e mortes totais

E mais: estudos populacionais associaram o uso regular de óleo de peixe a:
Câncer de fígado: risco até 44% menor
Cálculos renais: redução em pessoas de risco genético baixo a médio
Doenças inflamatórias intestinais: menor incidência
Fraturas ósseas: menos fraturas, especialmente em quadril
Demência: risco reduzido, principalmente na forma vascular

🎯 Entendendo o risco relativo (de verdade):

Imagine que você mora ao lado do aeroporto de Congonhas. Parece assustador, certo? Seu risco de um avião cair na sua casa é maior que o de alguém no interior. Isso é o risco relativo.

Mas… quantas vezes isso acontece de fato? Quase nunca.
Essa é a chance real: o risco absoluto.

Manchetes destacam o risco relativo porque gera cliques. Mas no caso do ômega-3, o risco absoluto é muito pequeno — e os benefícios superam com folga.

🔍 Dois conceitos explicam o paradoxo:

  • Viés de sobrevivente: quem morre de infarto ou morte súbita não vive o suficiente para ter fibrilação atrial. Já quem é protegido pelo ômega-3 permanece vivo — e, com o tempo, pode desenvolver arritmias benignas como a fibrilação.

  • Tônus vagal aumentado: ao mesmo tempo que protege contra arritmias graves e morte súbita, o estímulo do vago pode aumentar as chances de fibrilação atrial - o ômega-3, principalmente quando rico em DHA, aumenta a atividade do nervo vago.

Vamos entender melhor a relação do nervo vago com arritmias cardíacas.

🔬 Além do óbvio - Nervo Vago e Arritmias Cardíacas

O coração bate com ordem: o átrio contrai primeiro, depois o ventrículo.

Quem coordena isso é o nódulo sinusal, nosso marcapasso natural. Ele dita o ritmo — e responde ao comando do nervo vago, o freio do sistema.

Quando o tônus vagal aumenta (como com ômega-3), o nódulo sinusal desacelera.

Isso abre uma janela de tempo: outros focos no átrio podem tentar assumir o compasso. Resultado? Fibrilação atrial — uma arritmia leve, mas que pode causar complicações como o AVC.

Enquanto isso, o ventrículo trabalha com menos estresse, menor demanda de oxigênio e risco reduzido de arritmias graves — aquelas que aumentam o risco de morte súbita.

Toda escolha tem consequências — até as benéficas, como modular o nervo vago com ômega 3.

E é por isso que a inflamação crônica precisa ser combatida em várias frentes.

Uma delas? Uma molécula dourada com raízes milenares — e ação moderna: a curcumina.

👉 Para membros Pro: vamos explorar os marcadores fecais na coprologia funcional do intestino permeável — e continuar o curso de engenharia de prompt, criando um prompt clínico completo para gastroenterologista funcional.

💊 Suplemento da Semana - Curcumina

A curcumina é um anti-inflamatório natural eficaz.

Ela melhora a dor e mobilidade na osteoartrite, beneficia a colite ulcerativa e pode suavizar a inflamação ligada à depressão leve.

A curcumina regula genes e proteínas anti-inflamatórias; os efeitos surgem em poucas semanas.

A absorção é baixa, mas aumenta com gorduras saudáveis (azeite, óleo de coco) e com formulações de alta absorção:

Curcumina + piperina: 500–1.000 mg/dia
Meriva® / BCM-95®: 250 mg, 2x ao dia
Curcumicel®: 6–12 gotas ao dia (250–500 mg), diluídas em água
Curcuvail®: 100 a 250 mg ao dia (1 cápsula única)
Cureit®:
 – 150–250 mg: 1 cápsula ao dia
 – 250 mg 2x/dia: em protocolos intensivos (até 500 mg/dia)

O objetivo de todas é controlar a inflamação sistêmica com doses eficazes e seguras. Tome sempre após as refeições. Você encontra a maioria em farmácias de manipulação. Tanto a Meriva quanto a BCM-95 são encontradas fora do Brasil.

Na farmácia Elementar você encontra várias formas de curcumina e pode usar o cupom dindo.

Suplementos anti-inflamatórios como ômega-3 rico em EPA e a Boswellia serrata potencializam a ação da curcumina. A bromelina também eleva significativamente a absorção da curcumina, e você encontra no Suporte Intestinal e Anti-inflamatório.

Atenção:
A piperina aumenta a absorção de uma série de suplementos e medicamentos.

A curcumina pode interagir com anticoagulantes, além de conter oxalatos.

Por isso use doses baixas se propenso a cálculos renais e consulte seu médico ao combinar com medicamentos.

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Dr. Christian Aguiar - Contra a Corrente.

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🔬 Referência:

  1. REDUCE-IT Trial — Icosapent Ethyl reduz eventos cardiovasculares
    American College of Cardiology, 2018
    🔗 https://www.acc.org/Latest-in-Cardiology/Clinical-Trials/2018/11/08/22/48/REDUCE-IT

  2. Ômega-3 e fibrilação atrial — Meta-análise em ensaios clínicos
    Circulation, 2021 — PubMed ID: 34612056
    🔗 https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/34612056/

  3. Níveis de ômega-3 e mortalidade total — 17 estudos prospectivos
    Nature Communications, 2021
    🔗 https://www.nature.com/articles/s41467-021-22370-2

  4. Índice de ômega-3 e risco cardiovascular — Framingham Heart Study
    PMC ID: 6034629
    🔗 https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC6034629/

  5. Revisão 2023 — Indicações clínicas de suplementação com ômega-3
    PubMed ID: 37452000
    🔗 https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/37452000/

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